MARIE-SOPHIE GERMAIN


MARIE-SOPHIE GERMAIN (França,1776-1831)
A MATEMÁTICA QUE LANÇOU BASE DO QUE HOJE HÁ DE MAIS AVANÇADO EM ENGENHARIA
¨ Gosto da gota d’água que se equilibra
Na folha rasa, tremendo no vento.¨
Cecília Meireles 
 
Nascimento, J.B    UFPA/ICEN/Matemática
E-mail:  jbn@ufpa.br, Out/2011
 
 Numa vista rápida enxerga-se nas pirâmides egípcias e em alguns prédios atuais como obras esplêndidas da engenharia de cada época.  E o diferencial é abismal: enquanto as pirâmides foram  dentro de uma concepção de extrema rigidez, entendendo que vibração é prejudicial,  alguns atuais são feito exatamente para balançar durante terremotos e não cair.
                                                                                     
Inúmeras pessoas contribuíram nisso, muitos anonimamente e de diversas áreas. E todo que deu foi por fazer dos estudos algo de seriedade e determinação, portanto, superando diversos obstáculos.  Nesse caso, o que geralmente é raro, há uma contribuição inédita, fundamental e que surpreende muita gente por ser de uma mulher. Posto que, essas historicamente sofrem de discriminações e mais ainda na área que dessa, matemática, o que ainda hoje é uma trágica realidade brasileira.
 
  MARIE-SOPHIE GERMAIN, francesa, nasceu em 1776, época em que escola para meninas era apenas o suficiente para escrever e ler cartas de amor. Na sua adolescência, em função de grandes agitações sociais, especialmente na sua cidade, Paris, os seus pais colocaram-na para passar o dia na biblioteca, portanto, proibida de sair na rua, quando teria lido e se encantado com a vida e obra do matemático Arquimedes de Siracusa  (287 a.C. – 212 a.C), reconhecidamente um dos maiores matemático e engenheiro de todos dos tempos. Arquimedes foi morto por soldado invasor enquanto transcrevia na área da praia algum resultado, quando havia determinação superior de protegê-lo. Ou seja, mesmo prisioneiro seria valioso aos inimigos.
 
  Germain demonstra interesse significativo por matemática ao ponto do tempo na biblioteca ser insuficiente e adentrar na noite estudando no seu quarto. E além da preocupação com a saúde dessa e da inutilidade que viam na época menina estudar matemática, os seus pais passaram em racionar as suas velas e tudo mais para que ela fosse dormir mais cedo. Entretanto, a obstinação de Germain  convenceu-os do quanto nada disso fazia diminuir o interesse por matemática.
 
 Havendo um dado relevante: os seus estudos capacitava, e só interessava, para ingressar na École Polytechnique, que era o centro em termos de Ciência e Tecnologia, entretanto, proibido às mulheres. Pior ainda: mesmo que o seu pai sendo da alta burguesia, nada podia fazer contra isso e, pela agitação social reinante, seria até perigoso cogitar ingresso de mulher no equivalente hoje ao nível superior.
 
  Germain coloca em evidência mais uma vez a sua singular obstinação e descobre haver nessa um que não comparecia: Monsieur Antoine-August Le Blanc, E age como se fosse  esse e logo numa disciplina avançada ministrada pelo já famoso na época e seu compatriota, o matemático Joseph-Louis Lagrange (1736-1813). Lagrange toma um susto lendo trabalhos de seus alunos. Como Le Blanc, até então matematicamente obscuro, isso pelo fato de nem lembrar quem seria, tinha evoluído tanto. Ante isso, Lagrange solicita presença na sua sala.
Lagrange teria tomado outro susto maior pela figura que adentra sua sala. É o primeiro a falar obsevando que Le Branc deveria passar péssimos momentos por ter um peitoral tão avantajado. Nisso, Germain releva toda verdade e ganha de Lagrange mais do que admiração, incentivo para estudar matemática.
 
Paralelamente a isso, Germain, como se fosse Le Blanc, já vinha atravessando fronteiras trocando correspondência com um dos maiores matemático de todos os tempos: Johann Carl Friedrich Gauss (Alemanha, 1777-1855) e ganhara profundo respeito deste por conseguir fazer comentários de alguns dos seus livros sem que esse visse nada que pudesse considerar qualquer fraqueza matemática.
 
Gauss reconhece da profundidade matemática de alguns trabalhos que recebe do que sabia ser monsieur Le Blanc. Esse só soube da verdade muito depois, 1806, quando recebeu visita de comandante francês que invadiu sua cidade, era a época das conquistas napoleônicas, e o avisa de que estivera salvo de qualquer perigo por pedido direto da sua amiga Sophie Germain. Foi o que ela pode fazer para não correr o risco de reviver o que ocorreu com Arquimedes. Isso mostra que mesmo tendo contato social para tanto, nada pode fazer diretamente contra a proibição de mulher ingressar na École Polytechnique.
 
 Autora de vários resultados originais em matemática, uma das teorias que desenvolveu tinha na raiz o fato de certas vibrações, ao contrário da crença geral, ao invés de destroçar as estruturas, derrubando-as, contribuíam para mantê-las. È nisso, Superfícies Elásticas, que versa um dos seus trabalhos, pelo qual ganhou, em 1816, prêmio da Academia Francesa de Ciência, tornando-se a primeira mulher a ser aceita nessa. E a primeira grande obra de engenharia que se sabe que aplica isso é a Torre Eiffel, inaugurada em 1889 em Paris. E cometeram uma injustiça sem tamanho quando em lápide desta fizeram constar nomes de cientistas e engenheiros que ajudaram na sua concepção, sem que contasse o nome de Sophie  Germain.
 
Finalizando, Gauss submete à universidade de Göttingen, Alemanha, reconhecer trabalho de Germain como tese de doutorado. E quando a documentação de aceite do título chega, a Matemática MARIE-SOPHIE GERMAIN havia falecido de câncer na mama.
 
Referência
 
 BOYER, C. B – História da Matemática, trad. Elza F. Gomide (IME/USP), 2ª Edição, Ed. Edgard Blücher Ltdda, 1988, Pág. 347
 
 DISCRIMINAÇÃO TIRA MULHERES DE ÁREAS EXATAS E PREOCUPA GOVERNO, http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/discriminacao+tira+mulheres+de+areas+exatas+e+preocupa+governo/n1238144853610.html, acesso maio/2011
 
- EVES, HOWARD - Introdução à história da matemática, tradução: Hygino H. Domingues, 3ª edição, Ed. Unicamp, SP:  2002, pág.524 .
 
SOPHIE GERMAIN: AN ESSAY IN THE HISTORY OF THE THEORY OF ELASTICITY,
 
- TARADA POR NÚMEROS, Revista Galileu


* Este artigo ainda não foi publicado, retirei da lista de discussão ProfsMat. O autor é o professor João Batista Nascimento da UFPA.

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